segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Triste capítulo da OAB/PA

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Estado do Pará, experimentou nas últimas eleições um movimento inédito, que foi levar à Presidência da entidade um advogado sem laços com as tradicionais famílias de juristas do nosso Estado; Jarbas Vasconcelos despontou como advogado patrocinando sindicatos fortemente articulados, em um momento propício as grandes ações plúrimas, que foi a edição de seguidos "planos econômicos".
Após já ter sido derrotado em outras eleições, o então grupo que comandava a OAB/PA resolveu se aliar a Jarbas, havendo por trás dessa aliança, o objetivo de conduzir Ophir Cavalcante Junior à Presidência Nacional da OAB. Os fins foram alcançados, porém profunda ranhura se instalou na Seccional, pois o acordo feriu pretensões, assim como estancou "naturais" candidaturas do grupo que já se encontrava no comando da instituição. 
O resultado de toda essa costura, foi que a OAB/PA com Jarbas na presidência, nunca contou com apoio total dos que estavam no poder, fato inédito em sua história, deixando brechas para que os problemas internos, que sempre existiram, extrapolassem os limites do "casarão".
O Presidente era frágil, sem traquejo político para dirigir uma instituição com a grandeza da OAB/PA, e lidar com a guerra gerada pela vaidade de seus integrantes; era grande o número de insatisfeitos, daí pra surgir denúncias foi um pequeno passo.
A instituição não ostentava credibilidade para cobrar ações do Governo, pois seu Presidente havia contribuído financeiramente com a campanha da candidata derrotada, Ana Julia Carepa; na bandeira levantada por candidatos políticos com "ficha-limpa" se aliou com um grande grupo de comunicação local, perdendo o movimento a credibilidade necessária para a adesão em massa não só dos advogados, como da população em geral.
No escândalo de denúncias contra a Assembléia Legislativa, o Dr. Jarbas Vasconcelos "pediu" a prisão preventiva dos envolvidos, enterrando todo o ordenamento jurídico com tamanha impropriedade.
Quando surgiu o episódio envolvendo a venda de um terreno da instituição em Altamira, o Presidente de imediato abraçou a defesa da causa, alegando que tudo havia ocorrido na mais perfeita legalidade, e, quanto as denúncias, apontou Jader Barbalho como autor, em represália a "campanha da OAB em favor da lei ficha-limpa".
A guerra entre os dois grandes grupos de comunicação se acirrou, um em defesa de Jarbas e outro explorando as denúncias existentes, e, como havia fatos não esclarecidos e bastante duvidosos quanto a licitude da transação, as denúncias prevaleceram.
Na tentativa de investigar com isenção a venda do terreno, foi criada uma Comissão, que contou com a Presidência de Aluizio Meira, então Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina, que, em seguida, por motivos não totalmente esclarecidos, renunciou não só a presidência da Comissão, como do próprio TED, a perda no meu ponto de vista foi devastadora, pois se tratava de pessoa da mais absoluta integridade,  com imensa contribuição à OAB/PA por vários anos, a quem, tive a honra de ter sido colega quando integrei o TED.
A situação era tão delicada, que os Conselheiros Federais da OAB/PA remeteram uma carta ao Presidente da seccional ponderando para que renunciasse até ser concluída as investigações sobre as denúncias, o que logicamente não foi atendido.
O golpe fatal, todos sabemos, foi a intervenção aprovada pelo Conselho Federal da OAB/PA, sendo afastada toda a administração da instituição, em um evento sem precedente na esfera da Ordem dos Advogados do Brasil.
Naturalmente Jarbas vociferou, e, mais uma vez, com total falta de compostura e compromisso com a instituição, disparou acusações, acusações bastante graves contra a administração passada, inclusive quanto a gestão financeira; hoje, seus algozes são os que tiveram "privilégios" cortados, afirma existir um relatório dissecando as irregularidades da gestão passada, e conclui afirmando que no "momento certo" será divulgado. As declarações constaram em entrevista divulgada em um jornal local, em dia de maior circulação na semana.
Deprimente notar que em nenhum momento o Dr. Jarbas Vasconcelos procura poupar a instituição, muito pelo contrário, lança lama tanto na OAB/PA quanto no Conselho Federal e seu Presidente, quer por todos os meios resgatar SEU mandato, posando de vítima de manobra dos seus inimigos. Nunca na história da OAB/PA houve um Presidente que cultivasse tantos e tão poderosos inimigos, ao ponto de se chegar em intervenção.
Hoje, a OAB/PA perdeu totalmente sua credibilidade, virou notíciá em página policial; tempo levará para que volte a ser uma instituição respeitada, com estatura moral para levar adiante a bandeira que abraçou de defender as leis e os princípios constitucionais, ser uma arma no combate a corrupção e desmandos políticos.
O sonho do Dr. Jarbas Vasconcelos foi realizado, porém o peso foi grande demais para seus ombros, sua trajetória de advogado que alcançou o sucesso tanto profissional como financeiro por seus próprios méritos perdeu qualquer significado, o que ficará em seu currículo, será o fato de ter sido o único Presidente que teve em sua seccional uma intervenção aprovada pelo Conselho Federal.
Como diz o diabo: "A vaidade é meu pecado preferido".

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