quarta-feira, 3 de maio de 2017

Goleiro Bruno e Dirceu, sua opinião, seu inferno

Vivemos em uma era em que as notícias estão a disposição no exato momento em que os fatos acontecem, dependendo do meio que as veiculam, as matizes alternam, sabemos bem o jogo que faz com que as mesmas sejam deturpadas, e muitas vezes até abafadas, mas nada fica a margem do conhecimento.

Sou um ser que dificilmente consegue deixar de emitir opinião, principalmente quando a notícia/fato diz respeito a minha área profissional, não importa se será de interesse de alguém ou não, se será lida ou não, a mim satisfaz tão comente saber o que está acontecendo e ter opinião sobre.

Acontece que externar opinião em redes sociais conta com alta probabilidade de ser julgada, acho até que o mais poderoso tribunal no país é formado pelo facebook, onde o juri pode contar com pessoas conhecidas e bem próximas, assim como aqueles que você nem sabe porque motivo consta em sua lista de "amigos"

Pouco tempo atrás foi noticiado que o STJ havia concedido liberdade ao cidadão conhecido como goleiro Bruno, que dispensa apresentação, o fundamento foi de que o mesmo estava aguardando preso, preventivamente, o julgamento de seu recurso pela 2a instância.

Sem ninguém perguntar, externei a opinião de que concordava com a decisão, consequência, chuva de críticas, principalmente pelo público feminino, os argumentos giravam em torno das acusações, do requinte de crueldade com que o crime foi cometido, o fato de que a imprensa e parte da população estava fazendo do Bruno um herói, e que em nenhum momento era citada a vítima.

Ontem, o STF, por voto de desempate do ministro Gilmar Mendes, soltou o Dirceu, até por uma questão de coerência, me posicionei favorável a decisão, o caso é idêntico, a reclusão decorre de prisão preventiva, o réu está recorrendo da decisão de 1a instância.

Mais uma vez, a opinião foi alvo de julgamento, até de falta de decência fui acusada, porém, não li um só argumento jurídico, ninguém dissertou sobre a questão de fundo, ou seja, de se manter segregado cidadão que ainda não teve condenação transitada em julgado.

Lógico que teve o questionamento sobre os milhares de presos que estão na mesma situação, quanto ao argumento faço uma única reflexão, vamos deixar de conceder um direito porque nem todos o tiveram? Penso que a firme disposição para julgar uma opinião deveria ser canalizado na luta para que todos tivessem acesso à uma eficaz representação no Judiciário.

Posição política faz parte da vida do cidadão, jamais pode ser obstáculo para que se almeje a fiel obediência aos ditames da lei, deixar que alguém responda ação penal em liberdade até que se esgote todos os recursos processuais é um direito, mais, é princípio constitucional, algo que devemos lutar diariamente para preservar, sob penas de vivermos em um estado de exceção.

Que venha o inferno, força maior tem minha disposição para agir e pensar de forma coerente e condizente com a profissão que abracei.

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