terça-feira, 5 de março de 2013

Tomé-Açú, terra da impunidade - Desabafo


Dizem que raízes não são esquecidas, mas, de tanto andar e "viver" na terra "dos outros", me convenci que mais que raízes, os laços afetivos podem nos ligar de forma eterna a um local.
Tive a felicidade de morar por quase um ano no município de Tomé-Açú, de forma geral fui tratada como se da terra fosse, sendo recebida na casa de seus moradores, e tratada com o carinho dispensado a um membro da família, se alguns dissabores tive, esses, em muito foram superados pelas alegrias.
Poucos são os que nutrem amor pelo interior de nosso Estado, faço parte dessa minoria, me encanta a forma simples e descomplicada de viver, a confiança e o respeito que o forasteiro recebe, maneira de ser dito que você é bem vindo.
Por esses motivos, sábado a noite, ao receber a notícia do duplo homicídio que vitimou Luciano e Jorge Pimentel, foi como se uma sombra negra tivesse caído sobre minha alma, a noite foi difícil, agitada, a vontade de pegar a estrada, tantas vezes percorrida, foi grande, mas o senso de responsabilidade prevaleceu, estrada a noite é convite para a fatalidade, principalmente quando ao volante está uma mulher.
Meus pensamentos durante todo o final de semana, estavam em Tomé-Açú, na mente os momentos em que desfrutei, entre outras, a companhia do Luciano, é como se ouvisse, a forma repetida com que me interpelada, o famoso DOUTORA, dito de forma cantada e sorridente; não há motivo para não dizer, muita cerveja e muito churrasco acompanharam nossas pequenas reuniões, podia ser em qualquer lugar, as piadas e o riso fácil estavam sempre presentes.
Na memória, também os domingos em que almocei e joguei baralho na casa de Seu Felício e Dona Penha, tios do Luciano, casal doce, harmonioso, que recebe com a simples elegância dos que não precisam fazer esforço para serem queridos, no coração o eterno agradecimento pela maneira com que eu e minhas filhas fomos recebidas e tratadas por essas pessoas tão queridas.
Tiraram do convívio dos moradores de Tomé-Açú um jovem de 35 anos, pai de duas crianças, a forma foi a mais cruel e covarde possível, mas infelizmente muito usual no município, o crime por encomenda, a morte contratada.
Que a revolta hoje sentida, se transforme em perseverança na cobrança por uma séria investigação, e exemplar punição dos mandantes e executores do crime.
Desejo que o povo de Tomé-Açú brade por um basta nesses crimes tão comuns e nunca solucionados, que a notícia de uma morte por "pistoleiros" deixe de ser fato corriqueiro no município, que o povo deixe de calar contra quem  pensa que tem o direito de decidir sobre a vida de outro.
Tomé-Açú e seu povo fazem parte de minhas melhores lembranças, o que há de melhor é o que essa terra querida  merece!  

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