terça-feira, 8 de maio de 2012

Tribunais: morada de bandidos. Operação Las Vegas.


Operação Las Vegas.
Essa é a operação que pode constranger o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Sua assessoria confirmou que ele não pediu diligências à PF quando recebeu o material da "Las Vegas", em 2009. A justificativa é que não havia "elementos suficientes para qualquer iniciativa no âmbito do STF".
Polêmico, Gurgel optou por engavetar temporariamente o caso. Membros do próprio Ministério Público contestam essa decisão em privado. Acham que, com as informações em mãos, o procurador-geral tinha de arquivar, denunciar citados sem foro privilegiado ou pedir abertura de inquérito no STF.
O relatório da Las Vegas foi enviado pela PF à subprocuradora-geral Cláudia Sampaio Marques, mulher de Gurgel, e depois "subiu" para ele. Com a paralisação, três anos depois foi deflagrada a Monte Carlo. A requisição e agora entrega para exame da CPI dos autos da Operação Vegas, iniciada pela Polícia Federal em 2007 e concluída no início de 2009, é tida como essencial por integrantes da comissão mista já instalada para investigar as ramificações do chamado esquema Cachoeira.
Fatos mais graves do que os apurados pela operação Monte Carlo (da PF, criada para investigar Demóstenes e Cachoeira) foram apuradas na Operação Vegas, que trata de ligações do Cachoeira com a cúpula do Judiciário.
Considerada a "mãe" da Operação Monte Carlo, que resultou na prisão do bicheiro Carlos Augusto Ramos, pôs fim à carreira do personagem encarnado pelo senador Demóstenes Torres e motivou à criação da CPMI, a Vegas pode levar à ampliação das investigações para caminhos ainda não explorados.
Segundo informações, haveria material incriminando (em maior ou menor grau) nove ministros do STJ e quatro do STF. Só que o STF há um ano requisitou toda a documentação a respeito, determinando que a PF não ficasse com cópia, e sentou-se em cima da papelada.
Porém, cópia da "Operação Las Vegas" já tinha sido tirada e encaminhada ao grupo de Lula.
Ciente deste fato e diante da possibilidade de vazamento da mesma pela imprensa a exemplo do que ocorreu com a Operação Monte Carlo, não teve como o STF evitar seu envio, chegando nessa quarta-feira na CPMI uma cópia que imediatamente foi trancada, vedando aceso a mesma pelo presidente da comissão aos integrantes oposicionistas.
Evidente que cópias já se encontram nas mãos de integrantes da oposição assim como da imprensa. O que antes era tido como suposição agora se torna realidade. A CPMI pode sim evitar que o mensalão seja julgado pelo STF, pensar diferente é admitir que haja uma crise institucional devido o envolvimento da metade dos ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, além de Gurgel, sua esposa e mais diversos integrantes da Procuradoria Geral da República.
Caso venha a ser adotada medida para de fato punir os envolvidos nas investigações da PF, também será duro o golpe no pedestal da instituição que até hoje detém a imagem de séria, o Ministério Público.
Quanto ao Judiciário, ao afirmar que existe bandidos se escondendo sob as becas, certamente a Corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon, não estava se referindo ao "baixo clero" do Poder, onde por sinal se flagrou maior revolta com a afirmativa, o alvo estava bem acima, nos Tribunais Superiores, afinal, para grandes esquemas, somente ministro para "ajudar".
Matéria publicada no Estado de São Paulo.

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