sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ficha limpa aprovada, motivo pra comemorar?

Desde ontem o tema que tomou conta das redes sociais, das mesas, dos pontos de taxi e das feiras, foi a aprovação da "Lei Ficha Limpa" pelo Supremo Tribunal Federal, todos bradavam que a "moralidade" havia vencido, que o anseio da sociedade foi atendido, afinal, "ladrão" não mais fará parte do cenário político brasileiro.
Todos concordam? Os contrários preferem calar, afinal de contas, defender a não declaração de constitucionalidade da Lei Ficha Limpa, é defender os "corruptos" que infestam a vida pública e subtraem o dinheiro que seria para aplicação no bem estar do povo.
Enfim, hoje a mais alta Corte do país é vista como um tribunal composto por pessoas do bem, os que votaram contra a bendita lei, esses terão suas imagens vinculadas aos defensores dos "bandidos", certamente posts com suas fotos aparecerão do facebook com mensagens tipo "os que defendem a corrupção", e coisas do gênero.
Vejo tudo isso, e pela garganta passa algo que rasga e amarga, sinto como se fosse em mim o grande golpe sofrido pelo basilar princípio constitucional da presunção da inocência, temo as consequências de ter o STF flexibilizado um princípio constitucional em nome da moralidade pública e do anseio popular, agindo com hipocrisia e de olho na mídia, só isso explica ignorar o sentido de sua existência, que está em defender a Constituição.
A irretroativide da lei, virou "balela" diante do tsunami da moralidade administrativa, afinal, o país precisa ser "limpo".
Probidade administrativa todos querem, mas o preço que ontem pagamos para esse fim, foi muito alto, e, o mais grave, sua dimensão não está ao alcance dos que defenderam de boa fé a constitucionalidade da lei; os que sabiam que se tratava de transpor princípios constitcionais, a OAB por exemplo, preferiu ficar ao "lado do povo".
Vamos aguardar o que virá, pois amanhã o anseio da população será outro, por certo diversas instituições e "notáveis" pegarão "carona" na onda, a maioria dos membros do STF, pela atual composição, usará o "termômetro da mídia" para decidir como vai julgar, e seja o que Deus quiser!!!
Sem medo de ser feliz, manterei meu posicionamento contrário quando se tratar de qualquer violação aos princípios constitucionais, que, diga-se de passagem, foram conquistados a duras penas, não jogarei na lama minha formação jurídica, muito menos para "entrar na onda".

Nenhum comentário:

Postar um comentário