quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Denúncias envolvem Ministro Toffoli do STF.

Christiane Araújo de Oliveira
Em oito horas de gravações em áudio e vídeo, Christiane Araújo de Oliveira revela que mantinha relações íntimas com políticos e figuras-chave da República e que o governo federal usou de sua proximidade com a quadrilha de Durval Barbosa para conseguir material contra adversários políticos.
Nascida em Maceió, em uma família humilde, Christiane Araújo de Oliveira mudou-se para Brasília há pouco mais de dez anos com o objetivo de se formar em Direito. Em 2007, aceitou o convite para trabalhar no governo do Distrito Federal de um certo Durval Barbosa, delegado aposentado e corrupto contumaz que ficaria famoso, pouco depois, ao dar publicidade às cenas degradantes de recebimento de propina que levaram à cadeia o governador José Roberto
Arruda e arrasaram com seu círculo de apoiadores. Sob as ordens de Durval, Christiane se transformou num instrumento de traficâncias políticas. No ano passado, depois de VEJA mostrar a relação promíscua entre o petismo e o delegado, Christiane foi orientada a sumir da capital federal. Relatos detalhados de suas aventuras com poderosos, no entanto, já estavam em poder do Ministério Público e da Polícia Federal.
Na edição que chegou às bancas neste sábado, VEJA revela o teor de dois depoimentos feitos pela jovem advogada no final de 2010.
Em oito horas
de gravações em áudio e vídeo, Christiane revelou que mantinha relações íntimas com políticos e figuras-chave da República. ela participava de festas de embalo, viajava em aviões oficiais, aproveitava-se dos amigos e amantes influentes para obter favores em benefício da quadrilha chefiada por Durval, que desviou mais de 1 bilhão de reais dos cofres públicos. Ela também contou como o governo federal usou de sua proximidade com essa máfia para conseguir material que incriminaria adversários políticos.
A advogada relatou, entre outros fatos, que manteve um relacionamento com o hoje ministro do STF, José Antônio Dias Toffoli, quando ele ocupava cargo de advogado-geral da União no governo Lula. Os encontros, segundo ela, ocorriam em um apartamento onde Durval armazenava caixas de dinheiro usado para comprar políticos - e onde ele eventualmente registrava imagens dessas (e de outras) transações.
Christiane afirma que em um dos encontros entregou a Toffoli gravações do acervo de Durval Barbosa. A amostra, que Durval queria fazer chegar ao governo do PT, era uma forma de demonstrar sua capacidade de deflagrar um escândalo capaz de varrer a oposição em Brasília nas eleições de 2010. Ela também teria voado a bordo de um jato oficial do governo, por cortesia do atual ministro do STF.
José Antônio Dias Toffoli - ministro do STF
Por escrito, Dias Toffoli negou todas as acusações. "Nunca recebi da Dra. Christiane Araújo fitas gravadas relativas ao escândalo ocorrido no governo do Distrito Federal." O ministro disse ainda que nunca frequentou o apartamento citado por ela ou solicitou avião oficial para serví-la. Como chefe da AGU, só a teria recebido uma ínica vez em seu gabinete, em audiência formal.
Segundo o Procurador que tomou um dos depoimentos de Christiane, o material que ele coletou foi enviado à Polícia Federal para ser anexado aos autos da operação Caixa de Pandora. Um segundo depoimento de Christiane foi tomado pela própria Polícia Federal. Mas nenhuma das revelações da advogada faz parte oficial dos autos da investigação.
Abstraindo a "linha" editorial da revista VEJA, assim como seu público e notório posicionamento político, a reportagem relata fato grave, que repercutirá negativamente na mais alta Corte do país, pois apesar do citado envolvimento da advogada com o ministro Toffoli ter acontecido antes de sua nomeação ao STF, sua imagem será sempre ligada com o episódio.
Publicado a revista VEJA, de 11/02/2012. Não foi neste blog transcrita a reportagem em sua íntegra

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